domingo, 6 de setembro de 2009

BICHO-PAPÃO??????

A matemática, para a maioria das pessoas, é o bicho-papão, pois é a disciplina que mais apavora, que mais reprova. Estima-se que em um universo de cem reprovações, 70% aproximadamente, são atribuídas a essa disciplina, o que demonstra o fracasso do ensino da matemática nas instituições escolares brasileiras.
O reflexo da precariedade do ensino brasileiro foi mostrado no PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos (2000) – onde os estudantes brasileiros ficaram na última colocação na prova de matemática concorrendo com outros trinta países.

Na escola, a matemática é vista como vilã, ao mesmo tempo que eterniza os gênios. Todo mundo lembra da infância, daquele aluno, com cara de nerd, que sabia tudo de matemática, fazendo “ares de doutor” sem ter sequer completado o ensino fundamental. Infelizmente, ainda hoje predomina no ideário coletivo que a aprendizagem da matemática é para poucos afortunados que nasceram com este dom, quando na verdade, já nascemos programados para aprender matemática. Como assim?

Que a matemática, está em todo lugar, isso já sabemos, não apenas na fatura do cartão de crédito, no desconto do Imposto de Renda, no alinhamento das rodas de seu carro, mas indiretamente, também fazemos cálculos inconscientemente. Mesmo os mais avessos à matemática utilizam essa habilidade corriqueiramente, sem perceber.

Exemplificando: Quem observar uma criança dar seus primeiros passos, percebe a hesitação da mesma quando encontra um obstáculo em seu caminho: uma poça de água ou uma calçada mais alta. Neste momento, a criança hesita, pois seu cérebro, ainda em formação, enfrenta uma situação nova na qual não está habituada.

No caso de cérebro adulto, este é capaz, em uma fração de segundos, como uma poderosa máquina de calcular, relacionar a distância a partir de seu campo de visão (comparação) até o obstáculo, calcular o ângulo (trigonometria) necessário para dar o passo, calcular a força necessária para a impulsão (física), o risco envolvido (probabilidade: eu caio ou não?) para, por fim, definir qual a melhor estratégia: dar a volta ou tentar pular a poça de água assim mesmo.

Neste simples exemplo comum para a maioria dos humanos, que é o ato de caminhar, nós temos diversas habilidades matemáticas que são requeridas, que na criança ainda não são tão bem desenvolvidas, daí as quedas e tombos constantes. Com o tempo, após alguns erros, acertos e cicatrizes no joelho, a criança já compreende e guarda na memória essas “habilidades matemáticas”, deixando pais e avós menos aflitos.

Assim somos nós no aprendizado da matemática. Não podemos ter medo dos “pequenos tombos”, pois depois de algumas tentativas, estaremos fazendo tudo direitinho e então perceberemos que o bicho-papão não é assim tão feio como alguns insistem em nos fazer acreditar.

Sendo assim, vamos entrar sem medo nesse mundo dos números e cálculos.


Sejam muito bem vindos ao curso de matemática!


Adaptação do texto de Sinara Duarte. Fazendo as pazes com a matemática.